Olá Kbronscos e Kbronscas!!!!
O segundo capítulo do livro espero que gostem.
Bjusss, Bjokssss, Bjõesss
CAPITULO II
Um carro preto estaciona em frente à
casa de Maria Cecília, um homem alto e forte desce do lado do motorista,
aparenta ter uns quarenta anos, seus cabelos grisalhos são curtos e fazem um
belo contraste com sua pele negra, um cavanhaque emoldura seus lábios
carnudos. Coloca a arma na cintura
enquanto espera a mulher que descia do outro lado.
Seus cabelos vermelhos estão presos em
um rabo de cavalo, as sardas pintavam seu rosto e desciam pelo pescoço, chegando
ao colo onde se espalhavam de forma desorganizada. Não tinha mais que um metro
e sessenta de altura, e era mais nova que o homem. Ela para ao lado dele de
forma desconfortável, talvez fosse pelos trinta centímetros a mais que ele tinha
seu rosto não transparecia a confiança e segurança que estavam cravadas no
dele, era como se fizessem parte daquele rosto como boca, nariz e olhos.
-Vamos – a voz dele é rouca, seus
olhos negros encontram os dela- Preparada? – ela força um meio sorriso, e
afirma positivamente – Ótimo.
Os passos dele são largos e ela tem
que praticamente correr pra acompanhá-lo.
Aquela com toda certeza não era uma
casa que ela estivesse acostumada a entrar, os móveis eram delicados, mas de
uma elegância visível, um piano de calda estava estrategicamente posicionado em
frente a uma porta de vidro, quem estive sentado ao piano teria uma vista
privilegiada do belo jardim lá fora. Algumas fotos de um casal em diferentes
situações estavam sobre o piano, mas em todas podia se ver um sorriso e um
olhar apaixonado.
No hall de entrada e na sala de estar
podia se ver belos quadros, que completavam a decoração – Será quem tem algum
de um pintor famoso? – Pensou a mulher.
As escadas que davam acesso a parte
superior da casa era de mármore negro, e tinha um brilho frio, ela estava
encantada com tudo aquilo, pensa em seu pequeno apartamento no centro da
cidade, e sorri com a comparação que acaba de fazer.
Os dois sobem as escadas e se deparam
com alguns policiais no quarto do casal, os peritos estão trabalhando em todo o
quarto procurando por uma pista. A primeira coisa que vem ao olhar para o
banheiro é o corpo de uma mulher, todo ele tinha um tom roxo, uma pequena poça
de sangue já coagulava ao seu lado, mas foi a posição do corpo que chamou a
atenção do detetive, seus braços estavam envolvendo suas pernas em um terno
abraço. –Porque a colocariam em posição fetal? – Algumas velas faziam um
círculo em volta do corpo. Seus olhos abertos sem brilho, ainda transmitiam o
último sentimento que tivera o pânico.
-Olá detetive Marques – o perito que
estava ao lado do corpo se levanta – Detetive ... – seus olhos brilham quando
encontram com os da mulher.
-Oi Charles, essa é minha nova
parceira a detetive...
-Eu sei quem ela é – interrompe com um
sorriso simpático –Tudo bem detetive Rezende? – ela apenas acena positivamente
– foi transferida da narcótico não é?
-Sim. – sua voz parecia presa,
nervosa.
-Primeiro caso?
-Sim.
-Não se preocupe o primeiro dia é
sempre mais difícil, depois...
- O que temos aqui? – Marques
interrompe impaciente.
Charles olha pra Rezende e dá uma
rápida piscadela – Bem... Aparentemente não muito, encontramos algumas digitais
e fios de cabelo, mas precisamos descartar as pessoas da casa antes de
definirmos algo.
-E o corpo?
-Não tem muita coisa que possa ajudar,
ela teve o pescoço quebrado, e uma mecha de seu cabelo foi cortada – ergue o
cabelo e mostra um corte irregular na base da nuca – o corpo também esta com um
cheiro forte acho que é cloro, mas ainda não tenho certeza... Vou mover o corpo,
pode me ajudar?
Marques afirma positivamente.
Um plástico preto é colocado ao lado
do corpo, Marques e Charles erguem a mulher e a coloca em cima do mar negro, os
olhos de Marques se arregalam ao ver de onde vinha o sangue que formou aquela
poça.
-Mas o que é isso?
Charles se agacha ao lado do corpo –
Parece uma... – ele pega um pedaço de gaze e molha em um líquido, em seguida
começa a limpar o sangue do peito dela, os cortes são profundos, dois pedaços
de pele haviam sido tirados, uma na vertical e outro na horizontal, formando
uma cruz – isso foi feito com um bisturi – ele passa os dedos nos cortes – e
por alguém que sabia o que estava fazendo.
-Era só o que faltava. – resmunga
Marques.
-Mais por que alguém faria uma coisa
dessas a ela – era a primeira vez que Rezende formava uma frase.
-Não sei, mas nosso trabalho é
descobrir.
-Encontramos essas fotos ao lado do
corpo. – ele entrega um envelope amarelo a Marques.
Marques coloca as luvas antes de abrir
o envelope e tirar as fotos de dentro, assim que vê a primeira foto uma ruga se
crava no meio de sua testa, olha da foto direto pra Charles e para o corpo de
Maria Cecília, antes de continuar a examinar as outras fotos.
-Mas ela era casada, não era?
-Sim, era.
-Mas esse não é o marido dela.
-Você acha que essas fotos têm alguma
coisa a ver com o assassinato dela?
-Sinceramente, acho que tem tudo a ver
com o que aconteceu aqui, temos a ponta da linha, só precisamos puxar o novelo
agora. - seus lábios se unem em um risco.
No subúrbio norte de São Paulo, em uma
rua sem asfalto e com o esgoto correndo a céu aberto, um casebre se ergue igual
a tantos outros por ali. É um único quadrado não muito grande, suas paredes
estão pichadas com palavras incompreensíveis em diversas cores, a única janela
esta lacrada com grossos pedaços de madeira. Lá dentro a iluminação e quase
nula o que deixa o ambiente frio e sombrio, uma enorme cruz vai do teto ao chão
na parede que fica de frente a porta, em sua base algumas velas queimam
lentamente, suas chamas dançam ao ditar do vento, a parafina aquecida se une brandamente
a crosta grossa que existia no chão.
O silêncio é macabro, e só era
quebrado pelos sussurros de um homem ajoelhado em frente à cruz. De repente a
porta se abre com um grande chiado de reprovação, a luz do sol desenha no chão
as curvas do homem parado a porta.
O que estava ajoelhado pisca algumas
vezes rapidamente, ajustando a visão a nova claridade, assim que reconhece seu
visitante corre para um dos poucos móveis ali dentro, uma mesa com diversas
cruzes pintada sobre ela, senta-se de forma nervosa e pouco a vontade em um
banco deixando a única cadeira para o visitante, que continuava parado na porta
sem dizer uma palavra, após alguns segundos ele caminha em direção a mesa,
fechando a porta atrás de si com um baque alto, o som faz com que o outro homem
trema – Será que fiz alguma coisa errada? Não. Saiu tudo como o planejado. -
ele aperta as mãos fazendo com que os nós dos dedos ficam brancos.
-Aristam, meu irmão. – sua voz é
calma- fique tranqüilo – puxa a cadeira e sentasse- eu vim parabenizá-lo pelo
belíssimo renascimento que fez ontem à noite.
-Você gostou? - seus olhos ardem de dúvida-
você viu?
-Lógico que vi está em todos os lugares
TV, rádio, jornais – ele sorri para seu anfitrião – você realmente fez um ótimo
trabalho.
Os ombros do homem relaxam e ele
começa a se sentir um pouco mais a vontade com aquela presença – Acha que foi
realmente a coisa certa a ser feita? – sua expressão é a de uma criança que foi
pega fazendo travessura.
-Claro que foi a coisa certa, o que
você fez por ela ontem não tem preço – olha fundo nos olhos verde oliva do
outro, procurando a dimensão daquela dúvida. Demorará tanto a encontrar alguém
que realmente tivesse o dom, que por um minuto ficou com medo de que ele não
suportasse a responsabilidade de sua missão- você tem alguma dúvida sobre isso?
-Não nenhuma.
O visitante continua escaneando o
outro, mas percebe que aquela dúvida era apenas reflexo do primeiro
renascimento, tinha certeza de que ele havia nascido pra fazer isso, e o Sábio
também tinha essa certeza.
-Nós salvamos a alma daquela perdida,
ela profanava seu lar, sua família. Traia o marido, não somente ele, mas
principalmente os votos que fez em seu casamento. - sua voz era carregada de
nojo.
-E você tem razão... Ela esta bem
melhor agora. - embora seu sorriso seja apenas um esboço, o outro percebe que a
dúvida se fora.
-Fomos chamados para salvar almas
irmão, é a única maneira de libertar a alma pura, imaculada de um corpo imundo
que deixou de servir a seu propósito.
-É um trabalho divino, e vamos
conseguir fazê-lo. E quando iremos salvar ele?
O visitante se levanta e caminha até a
cruz, onde a observa com admiração.
-Infelizmente ele... fugiu.
-Como assim fugiu?- não acredita no
que acaba de escutar, sem percebe sua voz sou alterada.
-Calma irmão – o olhar que lança por
sobre o ombro, faz com que o outro se encolha instintivamente – deve ter ficado
com medo depois que a imprensa divulgou sobre as fotos – volta seu olhar para a
cruz- eu irei encontrá-lo, não existe lugar nesse mundo onde ele possa se
esconder, enquanto isso salvaremos outros.
-E... Você já tem alguém?
-Sim, o próximo renascimento será
ainda essa semana.
-Ótimo!- seus olhos faíscam.
-Tenho que ir, esteja preparado eu
irei lhe ligar.
Um simples aceno e um sorriso são sua
resposta.
O homem sai deixando aquele ambiente
mais sombrio e pesado do que quando entrara ali. O dono dos olhos de oliva
volta à cruz e ajoelha-se. Acende mais algumas velas na base da cruz, fica
observando o cripitar das chamas, parecem braços dançando ao som de uma suave
melodia. Fecha os olhos e começa uma nova prece, sua pálpebra se transforma em
uma tela onde imagens da noite anterior são apresentadas em flashes, um leve
sorriso surge quando lembra do momento em que viu naqueles olhos a vida indo
embora, a alma finalmente se libertando de uma prisão injusta.
-Ele gostou. - pensa ao se lembrar de
seu visitante. Orgulho e satisfação ardem em seu peito, e fazia muito tempo
desde a última fez que se sentira assim, não estava acostumado a sentir aquela
felicidade, precisava saborear cada momento, cada segundo daquela mistura de
sentimentos.
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