Olá Kbronscos e Kbronscas!!!
Aqui esta o primeiro capítulo do livro que estou escrevendo, espero que gostem! Pra quem não leu ainda tem um prologo já postado, é só ir na página meu livro. Deixe seus comentários.
CAPITULO I
Rebeca passa as mãos no espelho tentando limpá-lo da camada de umidade causada por seu banho quente e demorado. Observa seu reflexo, e a imagem que vê refletida não a satisfaz nenhum pouco. Olheiras profundas e roxas emolduram seus olhos – Você não esta nada bem – pensa desanimada.
Aquele reflexo aparentava bem mais do que seus vinte e oito anos. Acaricia seu rosto como se fosse o de uma amiga que não vê há muito tempo e quase não consegue se reconhecer. Lava o rosto com água fria, solta os cabelos tentando colocá-los de uma forma que melhore sua fisionomia. Seu suspiro é longo e triste ao perceber que o negro dos cabelos acentua ainda mais o roxo em torno dos olhos, vencida veste seu roupão favorito que tinha comprado em sua primeira viagem a Nova York.
O apartamento em que morava não era muito grande, então não foi difícil ser invadido pelo aroma de pão de queijo e café recém feitos.
-Bom dia Bela adormecida. – Camila sorri para a amiga enquanto tira os pães de queijo da forma.
-Bom dia... hum... isso parece bom – tenta pegar um pão mais se arrepende no momento em que toca sua mão- nossa isso esta quente.
Camila sorri – Claro acabei de tirar do forno, venha me ajude a levar isso pra mesa.
As duas levam para a mesa o que precisam. A sala de jantar é pequena e quase não existe separação entre ela e a sala de estar, e esse era um detalhe que as duas amavam, pois podiam assistir TV enquanto comiam.
Rebeca e Camila se conheceram há quase dez anos na faculdade, e logo perceberam que tinham mais em comum do que o curso de jornalismo, não demorou muito para decidirem dividir um apartamento.
Camila conseguiu um emprego em uma das revistas mais importantes do país, e recentemente havia sido promovida a editora chefe, o que foi motivo de muita comemoração.
Rebeca preferiu atuar em outra área, era assessora de imprensa, a empresa na qual trabalhava tinha clientes importantes como atores, escritores, apresentadores qualquer um que tivesse dinheiro suficiente para pagar pelos serviços , quando se contratava um assessor ele teria que estar disponível vinte e quatro horas por dia, sete dias por semana, e isso custava muito caro.
-Conseguiu descansar. – Camila pergunta.
-Sim, fazia muito tempo que não conseguia dormir tanto assim.
-E como foi à viagem?
Rebeca há mais de um ano trabalhava com o ator Nicolas Vasconcelos, ele almejava uma carreira internacional, e seu último filme tinha lhe aberto algumas portas que antes pareciam impossíveis, e eram por causa dessas portas que ele e Rebeca estavam viajando muito.
- Como todas cansativa, mas maravilhosa.
-Sei... – Camila analisa a amiga atentamente.
-Seja lá o que você quer dizer, fale de uma vez.
Camila sorri desconfortavelmente, o assunto que tinha em sua mente, com toda certeza não era um dos favoritos de Rebeca, e precisa escolher cuidadosamente as palavras.
- E que – ela hesita e Rebeca a olha de forma descontraída- eu queria saber quando você irá mudar de cliente – as palavras saem atropeladas.
O rosto de Rebeca se transforma, uma dor pousa em seus olhos, os músculos de seu rosto se contraem.
-Não sei por que você implica tanto com ele. – seu tom de voz e seco.
Camila come um pão de queijo e sorri complacente – eu não tenho nada contra ele – seus olhos fixam nas esmeraldas nos olhos de Rebeca- é com você que me preocupo, sabe que a amo como se fosse uma irmã, e não quero vê-la sofrer.
-Eu sofrer por quê?
-Ora Beca não se faça de boba.
Rebeca olha para a amiga como um ponto de interrogação no rosto.
-Beca, você sabe que esta apaixonada por ele, e isso pode complicar...
-Lá vem você com essa conversa novamente – Rebeca a interrompe bruscamente- eu já deixei bem claro para você que sou vou trabalhar com ele, por mais alguns meses depois peço para mudar de cliente. – suspira lentamente, lutando contra o nó que se forma em sua garganta.
-Beca pula fora dessa, a não ser que você queira ser a outra- o modo como Rebeca a encara, faz com que se arrependa do que havia dito.
-Você me conhece o suficiente para saber que jamais aceitaria uma situação dessas... eu vou deixá-lo.
-Vai ser o melhor para você, isso não pode dar certo e você...
-Quer mudar de assunto? – sua voz é irritada – desculpa não queria ser grossa com você e que esse assunto me deixa... – busca a palavra certa.
-Irritada?
-É... isso e muita outras coisas – o sorriso que tenta dar fica preso, em uma máscara de angústia.
As duas ficam em silêncio, Rebeca olha pela janela e fixa o olhar no céu azul que não lembrava nem de longe a tempestade que havia caído durante a noite. Falar sobre aquele assunto sempre fazia a ferida em seu coração sangrar. –Quando tudo isso vai passar? –pergunta pra si mesma.
A luz do sol brilha sobre o vidro da mesa, Rebeca coloca a mão sob a luz, na esperança de que aquele calor que sente na palma da mão de alguma forma amenize a dor que sente.
-Ah, sabe quem perguntou por você? – Camila quebra o silêncio.
-Hum... quem?
-O Bruno, ele esteve na revista ontem.
-Camila não começa você sabe que não quero falar com ele – Bruno era um publicitário amigo de Camila, que havia ficado fascinado por Rebeca, eles já tinham saído algumas vezes, tinha sido uma das tentativas de Rebeca para esquecer Nicolas.
-Tudo bem – ergue as mãos em sinal de rendição – você que sabe, mas sinceramente o acho muito interessante.
-E o Roberto? - Rebeca muda o rumo da conversa.
-Está de plantão, nos encontraremos a noite. – Roberto e Camila estavam juntos há cinco anos, e há seis meses a pediu em casamento, os dois tinham uma afinidade incomum, se conheciam tão bem que um sabia exatamente como o outro se sentia só de olhar. Ele era um cardiologista em começo de carreira.
-E quando sai esse casamento?
-Em breve. - sorri com entusiasmo.
-Que bom – Rebeca esta satisfeita por ter conseguido anular o assunto Nicolas – vamos ver o que esta acontecendo no mundo hoje.
Rebeca passa pelos canais com rapidez, até que finalmente decide parar em seu telejornal matutino preferido. O apresentador um homem de meia idade têm seus cabelos grisalhos penteados pra trás com perfeição. Ela aumenta o som.
-Do modo como o país está violento, ninguém está a salvo de ser a próxima vítima, essa noite uma mulher foi morta em um condomínio de alto luxo na região de Alphaville, mesmo com todo o esquema de segurança do local, o assassino não teve problemas em entrar e sair do local, vamos falar com o repórter Guilherme Almeida que tem mais informações.
A tela se dividiu e surge um rapaz aparentando não mais que vinte e cinco anos, esta em frente a dois arcos de paredes brancas decoradas com pequenos tijolos vermelhos, o jardim é impecável.
-Então Guilherme o que aconteceu?
-Não temos muitas informações, mas pelo que a polícia divulgou a vítima é Maria Cecília, tinha 26 anos e era casada com o empresário Jorge Dantas, o corpo foi encontrado hoje de manhã pela empregada da casa.
-E onde ela estava?
-No chão do banheiro. Pelo que podemos apurar com algumas pessoas por aqui a Maria Cecília estava sozinha em casa ontem à noite, o marido esta viajando e os empregados que ficam na casa saíram ontem por volta das dezoito horas.
-E como ela foi morta? A polícia tem alguma pista de quem pode ter feito isso com ela?
-Aparentemente ela teve o pescoço quebrado, mas ainda não temos certeza sobre isso, o mais estranho é que alguns familiares nos informaram que havia algumas fotos ao lado do corpo dela...
- Fotos? – o homem interrompe com um olhar curioso – Mais que tipo de fotos?
-Ainda não descobrimos exatamente o que essas fotos mostram, mas sabemos que tem algo com o caso, talvez até com a motivação do...
A TV é desligada.
-Sinceramente acho que São Paulo tem o maior número de malucos por metro quadrado do país. – comenta Camila, enquanto caminha até a cozinha.
-É você tem razão – Rebeca por algum motivo, que não sabia explicar, teve um djavú com aquela notícia, ela fica imaginando a angústia e o medo que aquela mulher sentiu quando se deparou com seu assassino.
-E vocês quando viajam? – a voz que vinha da cozinha a tirou de seus devaneios.
-Hã?
-Viajar você e o Nicolas.
-Ah, amanhã... vamos a Belo Horizonte.
-E quando será a premiação?
-Daqui a umas semanas – antes que Camila voltasse ao assunto proibido, Rebeca solta à primeira coisa que vem a sua mente – e como esta a revista?
-Bem, hoje vamos definir a pauta da próxima edição. Sabia que existe uma planta que pode minimizar os efeitos da quimioterapia? –Rebeca a olha com surpresa – Esta sendo estudada nos Estados Unidos, é um formula da medicina chinesa, parece ser uma receita milenar – Camila continua sua explicação, enquanto mais uma vez os pensamentos de sua amiga se voltam pra mulher encontrada morta.